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Priorizando a Saúde Mental: A Evolução das Práticas Corporativas em Resposta às Novas Gerações

A geração Z, em particular, vê o equilíbrio entre vida profissional e pessoal como um aspecto
essencial. No entanto, essa busca por flexibilidade muitas vezes se choca com a realidade de
muitas empresas.

Pessoa com estresse

Dentro do ambiente corporativo, as diferentes gerações demonstram distintas expectativas e
modos de se comunicar. Os Baby Boomers (nascidos entre 1946 e 1964) são notórios pela
dedicação e longevidade em uma única empresa, enquanto os millenials (nascidos entre 1980 e
2000) e geração Z (após 2000) têm na era digital sua formação, priorizando a adaptabilidade e o
equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.

A geração Z, em particular, vê o equilíbrio entre vida profissional e pessoal como um aspecto
essencial. No entanto, essa busca por flexibilidade muitas vezes se choca com a realidade de
muitas empresas.

Um levantamento da Infojobs mostrou que 86% dos trabalhadores, predominantemente millenials
e geração Z, consideram a hipótese de mudar de emprego em busca de uma saúde mental
melhor e satisfação profissional. No levantamento, feito digitalmente entre agosto e setembro,
participaram 2.017 brasileiros, dos quais 21,7% são profissionais de RH ou gestores.

Significativos 61% dos participantes expressaram insatisfação em suas posições atuais e, ainda
mais surpreendente, 76% disseram conhecer alguém que precisou interromper sua carreira por
questões de saúde mental. Ana Paula Prado, CEO da Infojobs, observa que há uma percepção
ção generalizada de que muitas empresas não estão prontas para administrar a saúde mental de
seus colaboradores.

Surpreendentemente, 75% dos entrevistados notaram a falta de políticas relacionadas à saúde
mental em seus locais de trabalho. A tecnologia, por sua vez, é reconhecida como uma
ferramenta vital para avaliar e refinar essas iniciativas.

Pessoa com estresse

“Muitas empresas intensificam a discussão sobre saúde mental em setembro, mês voltado para a
conscientização sobre depressão e suicídio. Contudo, a ênfase não se mantém ao longo do ano.
Há um estigma persistente que limita discussões construtivas e a implementação de práticas
benéficas”, ressalta Prado.
Recursos escassos e uma cultura empresarial desalinhada às necessidades atuais são barreiras
na implementação de programas de saúde mental. As ações mais frequentemente encontradas
nas empresas que têm iniciativas são:

  • Suporte com psicólogos (47%),
  • Canal de escuta ativa (36%),
  • RH atento aos sinais dos funcionários (34%).

Ana Paula Prado enfatiza a relevância de usar a tecnologia como meio de assegurar a eficiência
dessas iniciativas. “Entender as necessidades individuais de cada colaborador é primordial. É
necessário ter um RH e líderes preparados para propor soluções específicas e monitorar seu
sucesso através de métricas, garantindo um ambiente de trabalho mais saudável.”

A Iniciativa Pioneira da Heineken

Entre as diversas ações voltadas à saúde mental, a abordagem da Cervejaria Heineken se
destaca com a instauração da “Diretoria de Felicidade”.

Essa medida visa organizar e fortalecer práticas já existentes na empresa, como a avaliação do
grau de satisfação dos seus 14.000 colaboradores no Brasil. “A implementação dessa diretoria
tem o objetivo de aprofundar os conhecimentos adquiridos e colocar a felicidade como tema
central nas discussões corporativas”, comenta Livia Azevedo, líder da divisão.

Mauricio Giamellaro, presidente do Grupo Heineken, que foi fundamental para centralizar essa
pauta na empresa, esclarece que essa nova diretoria é um passo na trajetória de compreensão
de como a organização pode atender integralmente seu funcionário, levando em conta
sentimentos vivenciados tanto interna quanto externamente à empresa. “Este é um pilar que
reflete nossa cultura de valorização e cuidado, começando por nossos colaboradores, que são a
essência da trajetória Heineken”, ele afirma.

A “Diretoria de Felicidade” do Grupo Heineken é composta por especialistas em recursos
humanos e profissionais da saúde, como psicólogos e médicos, visando proporcionar um
cuidado holístico entre saúde física e mental. “Para que os colaboradores estejam bem no
trabalho, é essencial que estejam em equilíbrio em todas as esferas da vida. Cada indivíduo tem
sua própria jornada de felicidade, mas o ambiente em que está inserido pode influenciar
significativamente”, afirma Raquel Zagui, vice-presidente de pessoas.

Livia ressalta que a felicidade dos funcionários é avaliada a cada duas semanas por meio de uma
pesquisa. “Nosso foco é compreender os sentimentos dos colaboradores tanto dentro quanto
fora do ambiente profissional. Os líderes têm acesso às respostas gerais para entender as
nuances de cada aspecto pesquisado. Isso permite direcionar diálogos e promover ações que
aprimorem o ambiente laboral”. Adicionalmente, os gestores recebem treinamentos voltados para
a constante melhoria do ambiente de trabalho.

Diante dos dados apresentados e das iniciativas das empresas, fica evidente a crescente
importância da saúde mental no ambiente corporativo e a necessidade de medidas proativas
para atender às expectativas das novas gerações. O bem-estar dos colaboradores não é apenas
uma questão humanitária, mas também estratégica para as organizações que desejam reter
talentos e otimizar a produtividade.

Empresas como a Heineken estão liderando a mudança ao introduzir departamentos e práticas
focadas na felicidade e saúde integral de seus funcionários. Esse movimento ressalta a
imperatividade de repensar e reestruturar as abordagens tradicionais de gestão, garantindo que o
cuidado com a saúde mental seja contínuo, integral e centralizado na cultura corporativa.

Fonte: https://exame.com/carreira/saude-mental-86-dos-funcionarios-mudariam-de-emprego-por-saude-mental-diz-estudo/ – Revista
Exame, Carreira – Layane Serrano – Acesso em 20/10/23 – 15 horas.