O que vai restar de nós?
Surpreendentemente, até seus dados e seu conhecimento têm uma data de validade. Os documentos desaparecem. A arte se desvanece. Bibliotecas e coleções inteiras podem ter destruição rápida e inesperada.
Vivemos um estágio tecnológico onde inventamos maneiras de fazer com que o conhecimento esteja disponível. Queremos que tudo seja acessível para sempre, uma vez que a densidade do armazenamento de dados é extremamente alta. No crescente museu da internet, pode-se facilmente passar de imagens do Telescópio Espacial James Webb para diagramas explicando a filosofia de Pitágoras sobre a música das esferas, ou até um tutorial do YouTube sobre solos de guitarra de blues.
O que pensamos que é permanente não o é de fato.
Os sistemas de armazenamento digital podem se tornar ilegíveis em menos de três a cinco anos. Bibliotecários e arquivistas correm contra o tempo para copiar as coisas para formatos mais novos. Os arquivistas se deparam com uma enxurrada de informações sem precedentes. No passado, os materiais eram escassos e o espaço de armazenamento limitado. “Agora temos o problema oposto” onde “tudo é gravado o tempo todo.”
Em tese, isso poderia corrigir um erro histórico. Durante séculos, as pessoas não tiveram a cultura, gênero ou classe “certa” para que seus conhecimentos ou trabalhos fossem descobertos, valorizados ou preservados. É o que diz Joseph Janes, professor da Escola de Informação da Universidade de Washington.
Como vamos lidar com os dados no futuro?
Um estudo de 2021 do IDC confirma que a escala massiva do mundo digital de hoje apresenta um desafio único porque a quantidade de dados que empresas, governos e indivíduos criarão nos próximos anos será o dobro do total de todos os dados digitais gerados desde o início da era da computação. Centros de ensinos dentro de algumas universidades estão trabalhando para encontrar melhores técnicas para gravar e salvar os dados sob seus cuidados. As plataformas não apenas arquivam os muitos tipos de dados gerados em seus trabalhos, mas também garantem que as pessoas no futuro possam ter acesso a eles.
No entanto, o processo é difícil.
“Fazemos suposições e esperamos o melhor, mas há conjuntos de dados que se perdem porque ninguém imaginou que eles seriam úteis”, diz Andrea Ogier, diretor de serviços de dados das Bibliotecas da Universidade de Virginia Tech, nos Estados Unidos.
Nunca há pessoas ou dinheiro suficientes para fazer todo o trabalho necessário. Além disso, os formatos mudam e se multiplicam o tempo todo.
Luciano Carino