Estamos acostumados a ouvir que privacidade é uma mercadoria, por exemplo, mas ninguém sabe ao certo o que está sendo vendido ou qual é o preço real. Acredito que nos próximos anos, isso vai mudar. Certamente, veremos o argumento “privacidade versus segurança” exposto como uma falsa dicotomia e a realidade da invasão de privacidade gerada pela maioria dos serviços “gratuitos”.
A tecnologia conecta nosso mundo de maneiras impensáveis até uma década atrás. Amplia nossa capacidade de criar relacionamentos e outras atividades com resultados muito positivos. Mas, também, é capaz de exacerbar danos reais, onde crimes reais têm vítimas reais.
Como estamos protegendo nossa privacidade online?
Muitas plataformas permitem a criminalidade, desde golpes de investimento, passando pelo crime organizado transnacional, até a exploração sexual infantil. Algumas pessoas acreditam que a inteligência artificial (IA) vai consertar tudo, mas isso é improvável. Para muitos tipos de danos ou abusos, os metadados – por si só – não são suficientes para treinar um modelo de IA de forma confiável.
À medida que os infratores encontram novas maneiras de abusar dos serviços, é muito difícil desenvolver modelos de IA sem algum acesso ao conteúdo, que é onde você encontra a intenção humana. Nos próximos anos, veremos as plataformas tecnológicas globais fazerem uma escolha. Alguns optarão por enfrentar a aparente dicotomia “privacidade versus segurança”, garantindo a privacidade individual, enquanto protegem a segurança pública, tanto online quanto no mundo real – mas algumas, inevitavelmente, optarão por não fazê-lo. E as pessoas também poderão fazer uma escolha – ponderando os riscos e benefícios relativos de cada plataforma e contribuindo cada vez mais para a sociedade restringindo, negando acesso e criptografando seus dados.
A criptografia não é um floco de neve frágil, é matemática com propriedades bem definidas. Ela pode evitar que coisas ruins aconteçam, ao mesmo tempo em que fornece transparência e
auditoria quando necessário. Nos próximos anos, empresas e consumidores verão que ambos, privacidade e segurança são requisitos essenciais da tecnologia.
Tadeu Bijos – CEO da Multilink