Diretrizes e boas práticas para enfrentar os desafios de implantação de IA com ética e responsabilidade.
A ética na IA desempenha um papel fundamental para os profissionais de tecnologia que desejam navegar no mundo digital de forma responsável. Tornou-se inegável a importância da IA como uma ferramenta poderosa que impulsiona a inovação e o progresso em diversos campos. No entanto, é essencial que o uso dessa tecnologia seja guiado por princípios éticos e responsáveis.
Deve-se assegurar que a IA seja inclusiva, equitativa e diversa, considerando diferentes perspectivas e evitando discriminações ou preconceitos em seus algoritmos. Além disso, é crucial proteger a privacidade e tratar os dados de maneira responsável, garantindo a confidencialidade e o consentimento adequado dos indivíduos envolvidos.
Dessa forma seguem algumas reflexões, fruto de pesquisas e experiências recentes de sucesso no ambiente corporativo, que podem e devem ajudar a refletir e, caso necessário, ajudar na implantação da mudança cultural e de processo com a adoção de sistemas inteligentes e IA.
1 – Diretrizes gerais para lidar com os desafios éticos
Existem algumas diretrizes para projetar, desenvolver e implementar sistemas de inteligência artificial com ética, para produzir resultados que sejam imparciais, justos, diversos e legais de forma a expandir os benefícios da IA na sociedade, são elas:
1.1 – Avaliações e ajustes constantes
Como as tecnologias mudam com rapidez e de forma constante, é essencial realizar avaliações de forma periódica para compreender como as decisões e as respostas da IA estão sendo entregues e se estão de acordo com os entendimentos legais e éticos da sociedade, caso contrário é possível identificar e ajustar o que for necessário, para otimizar as respostas.
1.2 – Colaboração entre Inteligência humana e artificial
A IA é desenvolvida para somar com a inteligência humana, ou seja, para trabalhar em conjunto com os humanos e complementar as suas atividades, atuando como uma ferramenta de suporte. Portanto, as decisões e as entregas finais devem ser feitas pelos seres humanos, ou seja, tudo que a IA produzir deve também ser questionada e pensada pelos humanos.
1.3 – Equidade e justiça
É importante desenvolver a IA de forma responsável, imparcial e justa, para que os seus comportamentos não deem continuidade às desigualdades da sociedade. Portanto, os algoritmos devem ser alimentados com dados diversos e representativos, para evitar vieses discriminatórios em suas respostas.
1.4 – Privacidade
Com a capacidade da IA em coletar e processar informações e dados pessoais, a proteção dos dados e segurança da privacidade é ponto essencial. Portanto, os sistemas devem ser projetados levando em consideração a privacidade e tratamento dos dados dos usuários, respeitando a ética e as regulamentações aplicáveis nesses momentos (Lei Geral de Proteção de Dados).
1.5 – Responsabilidade
É essencial que pessoas desenvolvedoras e usuários(as) de sistemas sejam responsáveis por suas ações, e para isso é preciso estabelecer mecanismos de prestação de contas para supervisionar e controlar o desenvolvimento, implementação e impacto da IA.
1.6 – Segurança
IA trata de sistemas autônomos que podem ter acesso a informações sensíveis ou controlar equipamentos físicos. As pessoas desenvolvedoras devem garantir que esses sistemas sejam seguros e resistentes a ataques cibernéticos, garantindo que não sejam manipulados ou hackeados por terceiros que podem manipular o funcionamento do sistema.
1.7 – Transparência
Os usuários devem compreender como a IA toma decisões, então as pessoas desenvolvedoras devem construir sistemas sejam transparentes e explicáveis, para auxiliar na atribuição de responsabilidades e identificação de vieses parciais e perpassados por perspectivas discriminatórias.
Ao seguir essas diretrizes, pode-se: compreender os impactos da IA; promover a transparência; respeitar à privacidade e tratamento de dados; evitar a reprodução de preconceitos; assumir responsabilidade – e acima de tudo, tentar garantir que a IA seja usada para o bem e para o avanço da sociedade como um todo.
2 – Alguns cuidados apontados por especialistas que podem reduzir os riscos éticos no uso de IA
2.1 – Garantir a privacidade e proteção de dados
Para que a IA seja usada de forma ética, é essencial se certificar sobre a privacidade e proteção de dados. As políticas da empresa devem atender à LGPD e serem constituídas por procedimentos sérios e eficazes.
Torna-se indispensável que a organização atue com transparência, coletando e analisando apenas os dados necessários. Tudo com sistemas rigorosos de segurança para evitar fraudes, desvios e perda de qualquer espécie dos dados sigilosos.
2.2 – Entender o viés algorítmico
Compreender o funcionamento de recursos em IA é fundamental, principalmente sobre o viés algorítmico. Isso permite utilizar os dados corretos para uma análise imparcial, ou seja, sem premissas para uma conduta tendenciosa por parte do sistema.
O apoio especializado para lidar com os algoritmos é indispensável para evitar interpretações e decisões indevidas. Além da realização de auditorias periódicas para identificar e mitigar viés nos treinamentos e garantir a diversidade das equipes.
2.3 – Gerenciar as decisões automatizadas
As decisões automatizadas, conduzidas por recursos IA, serão a curto prazo uma realidade comum a muitas organizações. No entanto, é indispensável atuar com responsabilidade e por meio de um controle sistemático, para ter processos transparentes e livres de riscos.
Os gestores precisam investir em métodos para garantir que as decisões tomadas por algoritmos sejam compreensíveis e confiáveis. Isso permite que a intervenção humana seja realizada sempre que necessário, especialmente em decisões críticas.
2.4 – Buscar formas de manutenção e geração de empregos
Quando falamos em IA surge a discussão de a automatização possa substituir a mão de obra humana. Nesse cenário, é essencial analisar como as equipes serão afetadas, as influências nas operações e nas novas oportunidades.
Vale investir em sistemas que sejam projetados para ter o controle e a presença humana. Além de evitar a necessidade de substituições em massa, permite aperfeiçoar o capital humano e promover a transição de forma ética.
2.5 – Estabelecer diretrizes internas
As políticas corporativas são as maiores direcionadoras do comportamento e execução de serviços, inclusive em relação à inovação. Toda empresa deve aprimorar sua governança para acompanhar a evolução e o uso dos recursos de IA.
Utilize procedimentos administrativos que assegurem a conformidade ética em toda relação com a tecnologia. Uma boa estratégia é instituir comitês para avaliar a questão ética na IA e executar as revisões periódicas.
2.6 – Buscar novas formas de sensibilização, educação e aperfeiçoamento
O desenvolvimento de habilidades e a comunicação eficaz são pilares para promover a ética na IA. As operações da empresa precisam ocorrer com uma equipe especialista e total conhecimento sobre questões técnicas e comportamentais. Por essa razão, realizar treinamentos e cursos de capacitação corporativa é a estratégia perfeita para a conscientização dos colaboradores, parceiros, stakeholders e demais partes diretamente envolvidas.
Deve ser estimulada a flexibilidade de aprender sem comprometer a rotina profissional e por meio de um apoio preciso, além de materiais ricos que transmitem um conhecimento extremamente útil para o crescimento individual e coletivo na organização.
3 – Dicas práticas para aplicar diretrizes éticas no “dia a dia” da empresa
Algumas dicas práticas para implementar essas diretrizes no trabalho são:
- Documentar e comunicar objetivamente o funcionamento da IA, de forma a evitar vieses injustos ou decisões arbitrárias para construir e mostrar o funcionamento do sistema de forma transparente;
- Obter o consentimento para coletar e utilizar os dados dos usuários e adotar medidas de segurança adequadas para proteger as informações pessoais e garantir segurança aos usuários;
- Analisar cuidadosamente os dados de treinamento para identificar e diminuir possíveis perspectivas parciais; implementar mecanismos de supervisão e controle para detectar e corrigir problemas éticos ou disfunções nos sistemas de IA. Para não desenvolver vieses injustos ou preconceituosos nos algoritmos e sistemas;
- Estimular o trabalho colaborativo e multidisciplinar entre os mais variados profissionais, como profissionais de tecnologia, especialistas em ética, pesquisadores sociais e outras partes interessadas. Porque, através do diálogo e do envolvimento de diversas perspectivas, é possível trabalhar de forma assertiva a construção ética e responsável, visando o desenvolvimento de uma IA representativa, imparcial e que proporcione o bem-comum.
Em resumo, o impacto social e econômico da IA também deve ser cuidadosamente avaliado, buscando minimizar desigualdades e maximizar os benefícios para a sociedade como um todo.
Ao considerar a abordagem ética na IA, deve-se promover um diálogo contínuo entre profissionais, pesquisadores, governos e comunidades para garantir que seu potencial seja explorado de maneira ética e benéfica para todos, os profissionais de tecnologia estarão construindo um futuro digital mais justo, transparente e confiável – onde a IA é usada para melhorar a vida das pessoas e impulsionar o progresso de forma responsável.